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(14/11/2010) Considerada ponto-chave em todas as
investigações criminais, a perícia técnica vem ganhando
destaque nos últimos anos por conta dos crimes de grande
repercussão e que parecem ser de difícil solução. Além
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disso, seriados que mostram policiais ou peritos que utilizam
ciência e tecnologia para desvendar casos complexos
também ajudam a aumentar o interesse pela área.
Sérgio Vieira Ferreira, 51 anos, foi o perito que atuou
em um dos crimes mais famosos na história recente do país.
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Ele estava de plantão na noite da morte da menina Isabella
Nardoni, em março de 2008, e foi o primeiro perito a chegar à
cena do crime, o apartamento de Alexandre Nardoni,
condenado com base na acusação de ter jogado a filha pela
janela.
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Entrevistado hoje, Ferreira explicou que um perito não
pode se envolver com nenhum caso. “Somos policiais
técnicos. É necessário coletar provas técnicas. Não se pode
emocionar. Tem casos difíceis que, como ser humano, você
tem que dar aquele breque. Mas vamos fazer o serviço e
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coletar o que tiver para coletar”, afirmou. “Não estamos aqui
para condenar nem inocentar, mas para dar subsídios para
que se tenha investigação honesta”.
Diretor do Núcleo de Perícias em Crimes contra a
Pessoa da Polícia Técnica de São Paulo, José Antônio de
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Moraes comenta: “Tem gente que entra, fica três meses, e
depois não quer mais voltar. Não pode se envolver
emocionalmente com o crime. Isso não é frieza, é
profissionalismo. A perícia é imparcial. Não importa se os
vestígios ajudarem a defesa ou a acusação. O processo tem
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dois tipos de prova, a testemunhal e a técnica. Pessoas
mentem, vestígios jamais”.
Pontes, da ABC, diz que há demanda para
preenchimento dos cargos em concursos públicos para
peritos criminais. “Tem bastante gente interessada. Tenho
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recebido estudantes e graduados interessados sobre onde
tem concurso. Isso é efeito CSI, que tem feito uma
divulgação enorme da perícia”, comenta, citando o seriado de
TV norte-americano.
Adílson Pereira, do laboratório da Polícia
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Técnico-Científica de São Paulo, comenta que há
semelhança entre a realidade da perícia e as séries de
televisão que atraem os jovens para a profissão.
“A consultoria para esses seriados é muito boa. Os
equipamentos são os mesmos de que dispomos.
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Evidentemente nos seriados mostram os produtos ‘top de
linha’. As técnicas utilizadas são parecidas. A diferença é que
lá eles fecham os episódios em 40 minutos. Aqui, não
recebemos o roteiro, é uma incógnita. Não dá para fechar em
40 minutos, às vezes demora seis meses para fechar um
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caso.”
Moraes, do Núcleo de Crimes contra a Pessoa,
concorda: “CSI realmente mostra o trabalho que se faz. CSI
americana é um pouco diferente porque o perito é policial.
Aqui o perito aparece só depois que o crime acontece.”
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O perito Sérgio Ferreira, que atuou no caso da menina
Isabella Nardoni, não concorda tanto assim: “Lá dá tudo
certo, colhem a impressão digital e sabem até a cor dos
olhos da pessoa. Coisas que não têm nada a ver. Mas é
Hollywood. Tem que ter magia”, comenta, aos risos.
Internet: < http://g1.globo.com> (com adaptações). Acesso em 10/12/2011.